AUTOCARTOGRAFIA FEMININA

29/08/2021 21:30


No caminho de volta para minha cabana.

Vivi o luto. 

Sentada na terra.

Eu vi o fantasma do meu amor.

Joguei a coberta era um cadáver só meu.

Escondi meu corpo semi morto da bruxa rica. Feia e com cachorros sem dentes.

Ela se arrastava pelo chão. Sem dúvida uma réptil perigosa, mas sem sabedoria, tudo que tocava apodrecia.

Cuidado, a mão invisível dela quer teu lugar e tua visão.

Mas antes de morrermos .

Tal qual o amor proibido de Shakespeare.

Bricávamos naquelas antigas lembranças.

Sentada de bunda na terra. Meu nome étnico fragmentado te via. Quando te acenei antes de chegar. 

O amor de meninas. 

Crescemos. Foi ficando cada vez mais proibido.

A bruxa réptil queria viver todas as suas poesias. Nao evoluída. Na cachoeira dela nada refletia da mão da verdadeira escriba que queria roubar, a pedra jarina tocantina.

O passarinho me falou:  "Voa passarinha". 

 A arqueira entao revivia

Quando anoitecia. A luz brilhante da minha lua marajoara indígena ribeirinha. 

Alguem te confundia.

Pisavam no pinto .

 O cadáver da aleivosia.

Boia na noite.

Você recebia a puma noite. Pé da rebeldia. 

Ego das humildes caboclas ribeirinhas.

Das encruzilhadas das quilombolas vizinhas.

Amanhecia

Agora era eu que (te) comia.

A historiadora da nossa íntima autocartografia feminina.